terça-feira, 27 de outubro de 2009

Hasta la próxima!

Finalmente, depois de 4 meses de viagem retornei ao Brasil. Apesar da mochila na chegada ser bem menor e mais vazia de que a mochila da partida, trago comigo uma bagagem muito maior que não se mede em volume.

A viagem foi marcante e certamente continuará em minhas lembranças pelo resto da vida. Muitas passagens, momentos, lugares, situações, experiências não sairão facilmente de meus pensamentos.

Aqui encerro essa primeira fase do Blog, cujo objetivo era acompanhar esse meu primeiro mochilão, pela América do Sul. O Blog apesar de inativo, não estará morto e servirá para as futuras aventuras, que aliás deverão ser muitas ao longo dos anos. Além disso, pretendo aos poucos deixar aqui algumas dicas para os futuros viajantes.

Gostaria de agradecer a todos que deixaram mensagens e comentários, que me deram forças para continuar a viagem e me deixaram sempre em contato com "meu mundo".

De fato, essa viagem foi a realização de um sonho. A sensação e satisfação que se tem é indescritível quando você concretiza uma vontade idealizada há muito tempo e torna real algo que só existia em sua imaginação. E essa é a principal mensagem que gostaria de deixar: lute pra que seus sonhos se realizem.

Abraços e até a próxima!

terça-feira, 29 de setembro de 2009

De volta pra minha terra

Pois é, o animo nao é o mesmo do antes e a saudade bem maior. Esse foi os maiores fatores que me fizeram decidir voltar pro Brasil. Além disso a grana nao daria pra viajar muito mais.

Consegui comprar a passagem pro dia 7 de outubro. Assim completarei 4 meses dessa fantástica jornada. Sozinho ou com a Angela foi inesquecível. Comigo levarei muitas coisas boas. Os impecilhos acontecem e fazem parte da aventura.

Depois de ir pra Santiago e resolver os tramites dos documentos roubados voltei pra Valparaiso. Nos proximos dias vou ficar trabalhando aqui no hostel de Valparaiso, assim nao pago hospedagem e tenho tempo pra replanejar minhas coisas pós-retorno. Pra ser sincero, cansei de ser turista. Nos proximos dias escreverei aqui alguns aspectos gerais, impressoes e dicas da mochilada.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Valparaiso

De Mendoza cruzei a cordilheira ainda nevada e desci direto pra Valparaíso. A cidade fica numa regiao portuária onde também está a cidade Viña del Mar. Infelizmente nao tenho fotos da minha estadia por aqui, pois infelizmente fui furtado novamente. E dessa vez foi pior.

No fim de semana, durante a madrugada de sexta pra sábado quando todos saíram, invadiram o hostel onde eu estava e fizeram um limpa. Ao total 8 pessoas tiveram coisas roubadas. E, adivinhem, eu fui um dos premiados. Levaram minha mochila com tudo que tinha dentro, incluindo note, câmera, passaporte e roupas. Apenas fiquei com algumas coisas que estavam fora da mochila, como algumas roupas sujas, utensílios de banho, guia e outros.

Ao menos as fotos até Mendonza eu tenho back-up. Mas o pior foi perder as lembranças e camisetas que tinha comprado durante o caminho. Claro que o mais importante sao as lembranças que levo comigo, o aprendizado, experiencia e etc. E menos mal que eu nao estava no hostel no momento.

O ocorrido deve alterar meu plano de viagem. Estou em Santiago resolvendo as pendencias quanto ao passaporte e ao cartao do banco roubados. Ainda nao sei se continuo minha viagem ou se volto pro Brasil. Pra continuar vou ter que tirar outro passaporte e recomprar (quase) todas as coisas. Com menos dinheiro que gastarei nessa recompra já me elimina a Patagônia do roteiro, entao voltaria direto pra Buenos Aires e depois Uruguay.

Falando sobre o Chile propriamente, tirando o fato do roubo, nao tenho o que reclamar. Dos lugares que passei, aqui é o país onde as pessoas mais gostam dos brasileiros. Eles adoram o Brasil, sempre tem alguem querendo ser simpatico e as vezes tentando falar portugues comigo. E pelo que percebi os chilenos, por diferentes motivos, nao se dao muito bem com seus vizinhos argentinos, bolivianos e peruanos.

Quando falo que sou do Brasil quase todos ainda comentam sobre o ultimo jogo da eliminatórias. Eles estam a uma vitoria da Copa e como nunca tinham uma oportunidade de ganhar do Brasil na nossa casa, com um jogador a mais e tal. Vitoria que seria inédita e pra eles seria quase como ganhar a copa. E como a gente, eles também torcem pra que a Argentina fique fora. Falando em Argentina, aqui nao pode nem comparar o vinho argentino com o chileno, isso é uma ofensa pros chilenos.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Mendoza

Mendoza é uma cidade bem agradável, moderna e segura, como as outras que conheci na Argentina. Nessas cidades se vê facilmente belas casas sem muros ou grades de proteção, com a porta próximo à calçada e apenas um jardim na frente.

Em Mendoza também tem o maior parque da América do Sul. O Parque San Martin com 500 hectares de área contém lago, monumentos, fontes, muitos espaços de lazer e até um estádio de futebol, que foi construído pra Copa de 78. Eis algumas fotos.

Portal de entrada do parque e o lago.


Ruas cortam o parque. E um monumento a San Martin.

Mas Mendoza é mais famosa mesmo por seu vinho. A região é propícia para a fabricação dos melhores vinhos do mundo. E não poderia deixar de fazer um passeio pra conhecer as vinícolas da cidade.

A dica aqui é alugar uma bicicleta e ir visitando algumas das várias vinícolas que se concentram numa mesma região. Em cada vinícola você pode visitar suas estruturas, fazer degustações, alguns cobram outros não. Mas tem que tomar cuidado, pois depois de algumas taças de vinho, andar de bicicleta começa a ficar cada vez mais difícil.

Vai uma garrafa de vinho aí?

Compartimentos para fermentação do vinho, alguns antigos e outros mais modernos.

Uma plantação de uva. E nessas visitas também ensinam como se deve tomar um vinho. São 3 passos, mas pra um cara leigo e ignorante (como muitos que conheço), o mais importante é o terceiro mesmo. Nunca vi alguém ficando bebado só de olhar ou cheirando o vinho.. hehe.


E o passeio não foi só de vinho. Num dos lugares também tinham degustação de outras bebidas. E uma delas era o absinto, 75% de graduação alcoólica. Desce rasgando a garganta e continua queimando por alguns segundos. A nossa cachaça parece um suco perto disso. Dizem que se tomar em alta quantidade a bebida provoca alucinações.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Cordoba

Segundo um cordobezo que conheci em Salta, Cordoba é a segunda maior cidade da Argentina e a maior do mundo! Como pode isso? Depois ele tentou me explicar que era maior em extensão. Mesmo assim não boto fé.

A cidade é bonita e abriga a maior universidade argentina, mas não é exatamente uma cidade turística, com atrativos naturais ou coisas do tipo. É segura, organizada e aprazível de se conhecer caminhando. Além disso, estou ficando cada vez menos com pique de "turista". Ainda tenho gana de conhecer diferentes cidades e lugares. Mas chega um momento que você se cansa de fazer os passeios manjados pra turistas. Além disso encontrei uma turma legal no hostel e gastei um tempo praticando meu inglês. Aliás, o que tem de gente que conheci e quer me visitar no carnaval no próximo ano, teria que morar numa mansão.

Algumas fotos da cidade:


Uma rua do centro com calcadão e muito comércio. Catedral em reforma.


Museu. Um parque da cidade chamado Sarmiento.

Apesar de ser a segunda maior do país, não tem nenhum time de futebol na primeira divisão do campeonato argentino. Mas aqui eu vi pela TV o jogo entre Argentina x Paraguai, e foi bom vê-los perder novamente. Nos noticiários não param de elogiar o Brasil e Dunga, dizendo que os argentinos deveriam jogar com a mesma vontade que os brasileiros. Olha isso, há um tempo atrás esse era o nosso discurso.

Outra coisa que me disseram alguns cordobezos, tirando em Buenos Aires, os argentinos costumam ter o Brasil como segundo time, ou seja, a rivalidade é mais nossa do que deles. Aliás de longe aqui está sendo o país onde mais vejo influência brasileira. Muitas pessoas daqui já foram ao Brasil, principalmente no sul, como Floripa e Camboriú. Petrobras também patrocina times aqui e sempre tem um propaganda na TV.

E música principalmente: todos conhecem Paralamas. Daniela Mercury fez um show aqui semana passada. Outros como Cazuza, Caetano Velozo e da Bossa Nova também são conhecidos. E ouvi algumas vezes o rap do filme Tropa de Elite e uma versão da música Mila (aquela bem antiga) cantada em espanhol!

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Argentina

Finalmente cheguei na terra de "los hermanos" argentinos. De San Pedro do Atacama resolvi pular pro lado argentino, pois no norte do chile não tem muitas coisas interessantes. Dessa maneira, fico um pouco no território argentino e depois volto pro Chile direto em Santiago.

Como fiquei pouco tempo no Chile, ainda estava com a imagem da Bolívia na cabeça. E quando cheguei na Argentina, percebi uma diferença muito grande. Parecia que tinha chegado num país de primeiro mundo, boas estradas, cidades organizadas, com áreas de lazer e etc.

Pois bem, depois de 2 dias em Salta que fica bem ao Norte, eu fui pra San Francisco visitar um colega argentino, chamado Mariano, que havia conhecido na Colômbia. San Francisco é uma pequena cidade de 60 mil habitantes, maioria descendente italiana, que fica a 200 km de Córdoba. Não tem atrativos turísticos nem nada, mas é uma bonita cidade. E lá deixei de fazer turismo para apenas passar um fim de semana com os colegas argentinos. Fazendo o churrasco argentino, jogando futebol society e outros.

E justamente no fim de semana em que havia o jogo Brasil x Argentina. Foi uma experiência única, ainda mais pelo resultado do jogo. Claro que não fui maluco de sair gritando na rua e tirando sarro de todos... ainda tenho mais coisas pra conhecer na viagem. Mas uma sacanagem leve e saudável não tive como não fazer, né. Ainda mais porque quase toda a Argentina cantava vitória antes do jogo.

Na verdade percebi que os argentinos tem certa admiração pelo Brasil, tirando o lado do futebol é claro. Desde nossas cidades e belezas naturais, como nossa música, carnaval e outros.

E pra finalizar o post, nada como estar nas terras dos hermanos, ver a seleção canarinha ganhar deles, na casa deles e ainda fazer um argentino vestir a camiseta do Brasil....

Esse é o Juan Martin (ou Cota), colega de Mariano, e eu mostrando o placar final do jogo.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

San Pedro do Atacama


Quando cheguei em San Pedro do Atacama fui perceber que a maioria dos atrativos locais eu já tinha feito anteriormente em Uyuni. Bem, esse é um dos "riscos" que corro, pois minha viagem está sendo planejada on-the-fly. Ou seja, eu começo a ler sobre um país ou cidade, dias antes de chegar lá e as vezes depois que já chego. E ao dar entrada no hostal e me perguntam quantos dias vou ficar, a resposta é sempre a mesma: não sei. Sei que tem vantagens e desvantagens, mas pelo menos esta viagem prefiro assim, tem um gosto especial quando as coisas são feitas de improviso.

Pois bem, San Pedro do Atacama tem seu charme. Uma pequena cidade de uns 5 mil habitantes, localizada num oásis no deserto do Atacama. A cidade é rústica, construções antigas, ruas de terra e bem turística, cheia de gringos, por isso dizem ser uma das cidades mais cara do Chile.

O passeio turístico que fiz foi no Vale de la Luna. Nessa viagem já é a segunda vez que vou pra lua... hehe, pois fui num outro vale de mesmo nome em La Paz. A primeira foto do blog eu tirei nesse passeio, ao pôr-do-sol na cordilheira e no deserto.


Mais fotos do passeio. A mescla entre deserto e cordilheira forma uma paisagem única.

Outro passeio que fiz foi de bicicleta pelos arredores da cidade, esse menos turístico e mais aventureiro. Eu e mais dois franceses que estavam no hostel alugamos umas bicicletas e saímos em direção a uma cachoeira. A segunda foto tirei 15 km depois que saímos e ainda faltavam mais 7.

Uma grande contradição, mas no deserto mais seco do mundo eu fui tomar um banho de cachoeira! Na volta, estávamos cansados, então sentamos a beira da estrada a espera de uma carona. Pegamos uma carona com uma caminhonete que logo passou e nos "resgatou".

domingo, 30 de agosto de 2009

Uyuni

Uyuni é bem pequena, com cerca de 10 mil habitantes. Não teria nada demais a oferecer. Mas fica ao lado do maior salar do mundo, o Salar de Uyuni.

De Potosí eu fui pra Uyuni com um japonês que conheci lá. Esse original mesmo, do japão. Claro que ficou surpreendido ao saber que eu era descendente. E descobri que meu sobrenome Takayama significa "motanha alta".

Bem em Uyuni fizemos o passeio ao salar. Um passeio de 3 dias, somente possível em carros 4x4. O motorista e mais 6 passageiros e tive sorte de pegar um grupo legal.

Esse lugar é realmente incrível. Único no mundo. Apesar da beleza das prais do caribe na Colômbia e Venezuela, de Macchu Pichu e Titicaca no Peru, o Salar de Uyuni (e arredores) ganhou meus votos. Os lugares que passamos são de cair o queixo, inusitados e fantásticos. Como um imagem vale mais que mil palavras, aís estão. E neste post eu colocarei mais fotos que o normal.


Pra começar o pôr-do-sol visto do salar, no final do primeiro dia. Eu sou o terceiro da esquerda pra direita.


Este é o cemitério de trens, próximo a Uyuni. Dos trens que antigamente iam até o Pacífico, quando a Bolívia ainda tinha uma saída pro oceano.


Já no salar. No antigo Hotel de Sal, feito todo de sal, que agora serve como museu.


Na Isla del Pescado: um morro no meio do salar, onde se tem muitos cactos. Lá foi nossa parada pro almoço do primeiro dia.


E depois, um futebolzinho no salar!

No final do primeiro dia, o por-do-sol no salar. Mais uma "jump picture". Essa era a nossa 4x4, o nosso guia/motorista sentado na frente e o restante do grupo.




No segundo dia, saímos do salar, e fomos a regiao dos lagos e vulcões.

Mais tarde, uma área deserta. Onde se localiza a árvore de pedra, que ficou desse jeito devido a erosão, aliás faz muito vento lá.


No final do segundo dia, ficamos na Laguna Colorada. Dessa cor por conta de algas existentes.
Essa noite foi a mais fria, tivemos que usar sacos de dormir pra aguentar o frio, apesar de estarmos em alojamentos. Costuma fazer 15 graus abaixo de zero durante a noite.


No outro dia, saímos cedo pra ver os Geisers. Vejam como estava o vidro do carro, puro gelo. Estava frio ou não? Os Geisers são esses gases que saem da terra. O cheiro lembra ovo.


Mais fotos dos Geisers e da lagoa verde, nossa última parada já perto da fronteira com o Chile. A partir do final do passeio, eu peguei um õnibus e vim pro Chile, em San Pedro do Atacama. Bom, se a imagem inicial de Bolívia não foi tão boa em La Paz, posso dizer que pelo menos o final foi com chave de ouro.

Potosi

Potosi já foi a cidade mais importante da América. No século 17 era uma das maiores cidades do mundo, do mesmo porte de Paris e Londres. Tudo isso devido ao Cerro Rico, o morro onde se extraíram muita prata, representando boa parte da riqueza espanhola nos tempos da colonização.


Esse é o Cerro Rico. E a vista da cidade lá do morro.

Hoje Potosi é uma das cidades mais pobres da Bolívia, que já é um dos países mais pobres do continente. A cidade ainda se sustenta da mineração de prata, bronze, zinco e outros.


Uma foto da entrada da mina onde fiz um passeio turístico. Existem mais de 2 mil minas em todo o morro. E já lá dentro ajudando um pouco no trabalho ainda artesanal da mineração.


É meio que tradição levar folhas de coca, refrigerante para os mineradores. Além disso eles também consomem o inacreditável alcool potável. Uma bebida com 96% de graduação alcoólica! E ai, Sherlock, essa tá boa pra voce?


Quando entramos na mina, confesso que no começo deu um pouco de medo. A sensação de estar dentro do morro e passando em alguns buracos realmente assusta. Na segunda fotos, algumas pedras de bronze na minha mão.

Esse é o "tio". Maneira simpática de chamar o diabo. Os mineradores crêem que toda a riqueza que esta dentro da terra vem do inferno, então eles vão pedir ao tio que os permitam encontrar e retirar essas riquezas. Na segunda foto um fio de prata e bronze encontrado na mina.

Tem uma história interessante de dois irmãos que começaram a trabalhar na mineração aos 10 anos. Aos 18 perderam seu pai, vítima dos males desse trabalho. Aos 25 tiraram a sorte grande, encontraram uma mina de prata pura. Hoje eles são os mais ricos da cidade, abriram uma empresa de mineração com mais de 2 mil empregados e são os criadores e donos do Real Potosí, o time de futebol da cidade.

Potosí fica a 4100 metros de altitude e os jogos de time brasileiros contra o Real Potosí sempre são problemáticos. E pudera, fui caminhar pela cidade e sobe morro, desce morro, depois de 1 hora comecei a ter dores de cabeça e o ar parecia que entrava no pulmão. Tive que sentar numa praça pra descançar e logo depois passou.


Na primeira foto eu no final da mina, isso a 1500 metros dentro do morro. De Potosí, eu fui pra Uyuni. A segunda foto tirada nesse caminho, 6 horas em estrada de terra.